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Excesso de WhatsApp e falta de controle de ponto sobrecarregam funcionários durante a pandemia
Empresas enfrentam dificuldades para adaptar o setor de RH e seus sistemas de comunicação interna ao trabalho remoto, segundo pesquisa
Um ano após o país se ver obrigado a mudar drasticamente seu formato de trabalho devido às novas regras sanitárias impostas pela pandemia, o profissional de RH passou a enfrentar um novo desafio: reformular a comunicação da empresa mesmo sem recursos tecnológicos para tal.
Os efeitos dessa empreitada são demonstrados na pesquisa "Os impactos da pandemia da Covid-19 no RH brasileiro", realizada pela Convenia, especializada em soluções digitais para o setor, em parceria com a plataforma TiqueTaque.
Reunindo dados de março deste ano, a investigação revela que quase metade das empresas nacionais (46,15%) adotaram modelos mais digitais em sua rotina. Na falta de tecnologias de comunicação próprias, 84,52% em jornada híbrida passaram a utilizar o WhatsApp como ferramenta de interação durante o trabalho. Dos que estão fazendo home office, 66,9% usam o aplicativo durante o expediente - e fora dele também. A pesquisa aponta também que 42,3% dos funcionários estão realizando carga horária acima do proposto pelo contrato.
O resultado disso é um claro desencontro dos modelos de negócios com o mundo atual: 42,9% dos entrevistados consideram a comunicação interna de suas empresas ineficiente e 51,5% dos trabalhadores em modelo home office sentem falta de estrutura adequada, como internet de qualidade, espaço físico, poltrona ou cadeira apropriada,etc. Além disso, o estudo indica como o excesso de reuniões em videoconferência pode ser prejudicial à concentração e, consequentemente, à produtividade.
"O WhatsApp é uma plataforma de mensagens instantâneas, mas seu objetivo direto não seria a comunicação interna das empresas. Além de diminuir o foco do colaborador entre mensagens de trabalho e pessoais, se desligar da empresa em momentos de descanso pode se tornar um desafio. Outro problema é o compartilhamento de dados sensíveis e pessoais, já que com a utilização do WhatsApp as chances de vazamento podem ser maiores. Com a regulamentação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), sancionada em 2018, a partir de 2021 as empresas poderão sofrer penalizações e multas", explica trecho da pesquisa realizada com 269 profissionais de RH de diversas regiões do Brasil.
Prova de que a minoria das companhias se adequou verdadeiramente ao modelo remoto é que mesmo rotinas simples e extremamente consolidadas pelos Recursos Humanos ainda não foram completamente digitalizadas, como o envio de holerites, por exemplo. Apenas 33,5% das empresas pesquisadas que adotaram o regime em home office enviam os demonstrativos de pagamento por e-mail.
Como consequência da falta de digitalização adequada às estruturas de trabalho remotas e híbridas, 41,5% das empresas retiraram o controle de ponto de suas instalações - obrigatório por lei para empresas com mais de 20 funcionários. A suspensão ou remoção total desse tipo de monitoramento pode dificultar também a vida do trabalhador, que não consegue comprovar sua carga horária, o que resulta em acúmulo de tarefas e excesso de trabalho fora do horário estabelecido em contrato, sem que receba pelas horas trabalhadas a mais.
Se por um lado, companhias com até 100 funcionários conseguem se humanizar com mais facilidade, por outro, a falta de estrutura digital das organizações está intrinsecamente ligada a seu porte. Evidentemente, nem todas as funções podem ser desempenhadas de forma remota, porém, este não é o fator determinante. 78% dos colaboradores que não tiveram sua jornada de trabalho alterada para o modelo remoto ou híbrido durante a pandemia são de pequenas e médias empresas. Há, portanto, uma maior tendência à digitalização da jornada de trabalho por parte de grandes negócios.
"As empresas devem se adaptar e oferecer a melhor experiência para seus colaboradores e atender às novas necessidades. As ferramentas para o RH estão cada vez mais próximas daquelas que já usamos no dia a dia, ou seja, as soluções de tecnologia já existem e estão no mercado. Cabe às empresas encontrar aquelas que melhor se adequem ao seu perfil e de sua equipe", explica Marcelo Furtado, CEO da Convenia.