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IPCA-15 mostra efeitos da redução do ICMS mais dissipados, avaliam especialistas
Considerado uma "prévia da inflação oficial", o IPCA-15 de outubro interrompeu uma sequência deflacionária em curso desde agosto, com alta acima do esperado, a 0,16%
Considerado uma “prévia da inflação oficial”, o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15), divulgado nesta terça-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), interrompeu uma sequência deflacionária em curso desde agosto, com alta acima do esperado, a 0,16%.
Segundo especialistas consultados pelo CNN Brasil Business, a inflação reflete um efeito mais discreto da redução da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis.
“Os últimos resultados do IPCA foram impactados pela dedução no preço dos combustíveis, em especial pela alíquota do ICMS em 17% e pelas reduções da Petrobras na gasolina, que é quem mais pesa no orçamento familiar. Até então, os combustíveis foram a principal âncora para conter a inflação”, explica André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).
“Agora, porém, o efeito do barateamento dos combustíveis é mais discreto, porque o ciclo de captação já está perto de encerrar. Isso fez com que o índice tivesse uma variação positiva.”
A leitura de Braz é endossada pela economista-chefe do banco Inter, Rafaela Vitoria, que também avalia que o efeito da redução dos impostos nas tarifas elétricas está arrefecendo. Na visão dela, os itens voláteis, como alimentação e passagens aéreas, foram a surpresa do dado, que era esperado em 0,1% pelo banco.
“A inflação de bens comercializáveis também está em queda com deflação em bens para casa, mas ainda com uma alta significativa de vestuário”, diz ela. O setor de roupas, vale ressaltar, tem uma dinâmica específica conforme novas coleções — a preços mais altos — costumam aparecer nas viradas de estação, caso da chegada da primavera em 22 de setembro.
Serviços, puxados pela alta de 28% em passagens aéreas, também são um dos destaques na análise dos especialistas consultados. “A aceleração em serviços, como em conserto de carros e passagens aéreas, mostra que a inflação ainda está no radar, irradiada por todos os setores da economia”, comenta Braz.
“Serviços importantes ainda estão subindo de preço. A Selic, no patamar em que está, já poderia apresentar uma possibilidade de desestimulo à demanda, mas nem esse juro extremamente alto, a 13,75% ao ano, está segurando a demanda tão rápido quanto gostaríamos.”
O dado, nesse sentido, deve corroborar para que o Comitê de Política Monetária, em reunião na próxima quarta, mantenha a taxa Selic no patamar atual, a 13,75% ao ano.
“O início do afrouxamento monetário ainda não deve ser indicado na reunião, considerando as incertezas fiscais com o Orçamento de 2023 indefinido, no aguardo do resultado das eleições”, avalia Vitoria.
Já para Felipe Rodrigo de Oliveira, economista da MAG Investimentos, “o resultado favorece uma expectativa de melhora no cenário inflacionário, embora não seja suficiente para voltarmos ao intervalo de tolerância da meta de inflação do BC”.
O IPCA-15 é considerado uma “prévia da inflação oficial” aferida pelo IBGE, por ter um período de coleta diferente: em vez de se dar do começo ao final de um mês, como é o caso do IPCA, parte sempre da metade de um mês até a metade do outro. Em outubro, os dados foram coletados de 15 de setembro até o último dia 13 e tiveram, como base comparativa, os números entre 13 de agosto e 14 de setembro.